Um ambicioso projeto pode colocar Lins como referência nacional e internacional em logística e, ao mesmo tempo, atrair investimentos de grandes empresas. Existe o interesse de um grupo de arquitetos que quer instalar na cidade um Porto Intermodal, na área onde existe o Aeroporto Estadual de Lins.
(Veja o vídeo desta Audiência Pública em: http://pt-br.justin.tv/ocultural2/b/266713602)
O projeto é articulado pelo prefeito de Lins, Waldemar Sândoli Casadei (PMDB) e se baseia na localização geográfica do município, que é beneficiada, também, pelas rodovias da região, ferrovia e hidrografia. De grandes dimensões, o projeto levaria 20 anos para ser colocado em prática e exigiria pesados investimentos dos setores público e privado. O primeiro projeto sobre o Porto já é desenvolvido e foi apresentado, em audiência pública, na Câmara Municipal de Lins, na noite de terça-feira, 13.
Entre os interessados para conhecer as faces do Porto, estiveram, além do prefeito, o presidente da Câmara, vereador Edgar de Souza (PSB) e os vereadores Dr. Marino Bovolenta Jr. (PV), Aparecido Correia da Silva (PMDB), Marcinho Carnes (PMDB) e José Gomes (PPS), secretarios e diretores municipais, representates do Grupo JBS e Usina Lins, alem de membros da comunidade que também assistiram às explicações. O objetivo da audiência foi obter questionamentos e sugestões da população acerca do projeto.
Lins, pela posição estratégica, e com a instalação do empreendimento, teria condições de receber grandes empresas que instalariam suas indústrias e polos tecnológicos, dentro do próprio Porto. Essas empresas, caso o projeto avance, teriam grandes facilidades de logística para enviar a produção para diversos pontos do Brasil e, inclusive, de outros países. “A localização geográfica é espetacular e toda malha urbana onde estão inseridas as ferrovias, rodovias, também tem condições privilegiadas”, avalia Alcindo Dell”Agnesse, um dos arquitetos responsáveis pelo projeto do Porto Intermodal de Lins.
Segundo ele, a empresa na qual atua, é responsável por vários projetos que, atualmente, auxiliam a logística de multinacionais, como os centros de distribuição da Unilever e a Caoa, fabricante nacional da Hyundai. A experiência se estende a projetos aeroportuários, desenvolvidos em diversos países da América Latina, citados por Marcelo Rabelo.
“Poucos lugares tem condições de ganhar um empreendimento dessa forma”, ressalta Cláudia Jacaponi, também arquiteta da empresa. A capacidade de expansão do aeroporto de Lins é uma das vantagens. O projeto apresentado é tão grandioso que seria preciso construir um novo aeroporto na cidade, envolvido na formação de um Porto, que chegaria até a ferrovia que passa próximo ao aeroporto.
DIMENSÕES
A área total tem cerca de 7 milhões de metros quadrados e estaria, também, bem perto ao Anel Viário de Lins, já previsto no Plano Diretor, aprovado em 2008. Pelo projeto, a pista do aeroporto teria 3 mil metros quadrados, com um nível para despachar a produção, de Lins, diretamente para outros países. A logística envolveria, portanto, envios aéreos, rodoviários, ferroviários e hidroviários, pois, projeta-se a ideia de construir um porto às margens do Rio Dourado, de onde a produção poderia escoar para toda a Bacia do Rio Paraná.
As empresas, explicam os arquitetos, se interessariam em vir para Lins, por causa da logística que seria oferecida. E, caso o projeto seja colocado em prática, será preciso planejamento. A cautela se deve ao crescimento habitacional e mobiliário que ocorreria no município. “Com esse projeto, você gera outros necessidades e é preciso um crescimento planejado”, alerta Cláudia.
Como a área é muito extensa, poderia aproximar-se de nascentes e córregos. Nessas áreas, seria montado um parque linear, aproveitando para realçar o ideal de sustentabilidade, amplamente defendido no mercado corporativo.
LONGO PRAZO
Apesar da grandiosidade do projeto entusiasmar autoridades municipais, o presidente da Câmara adota cautela e diz que será preciso um enorme planejamento da cidade. Edgar também acredita que o plano mude os rumos do desenvolvimento da cidade. “É um projeto logístico que, se viabilizado, é uma mudança de paradigmas para Lins”, assegura. “É uma mudança profunda em todas as condições, mas a sua consolidação é ao longo de muitos anos”.
O Porto receberia 70% de investimentos do Programa Federal de Auxílio a Aeroportos de Interesse Estadual e Regional, garante o grupo responsável pelo projeto. O restante pode ser arcado pelas empresas que se instalariam dentro do Porto. Não haveria nenhum investimento da Prefeitura. Os arquitetos preferiram, por enquanto, não revelar o valor total do investimento.
“Nós já fazemos um trabalho para atrair investidores, e esse avanço seria algo diferenciado de apoio aos empreendedores”, diz Casadei.